Receita Federal intensifica fiscalização de empresas com base em transações via PIX e cartões

Foto: Voz do Nortão
A Receita Federal tem ampliado de forma significativa o monitoramento de transações financeiras realizadas por pessoas jurídicas, com foco especial em operações feitas por meio de PIX, cartões de crédito e débito. O objetivo da fiscalização é combater a evasão fiscal e garantir que as empresas estejam em conformidade com suas declarações de receita.
Segundo especialistas, um dos principais sinais de alerta para a Receita Federal é quando uma empresa apresenta compras mensais elevadas, mas declara um volume de vendas muito abaixo do esperado. Esse desequilíbrio gera desconfiança sobre a real movimentação financeira do negócio.
“A Receita começa a se questionar: como essa empresa consegue se manter ativa no mercado comprando tanto e vendendo tão pouco?”, explica o contador André Vianini, da Virtual Contabilidade. “Isso desperta o radar da fiscalização, que passa a investigar mais a fundo aquele CNPJ.”
De acordo com Vianini, muitos empresários acabam omitindo receita ao não emitir nota fiscal em vendas realizadas por PIX e cartões, acreditando que esse tipo de movimentação pode passar despercebido. No entanto, a Receita Federal já possui acesso às informações bancárias e pode cruzar os dados dessas entradas com os valores declarados em notas fiscais.
“Se uma empresa emite R$ 1 milhão em compras ao longo do ano, mas só declara R$ 200 mil em vendas, a Receita vai questionar de onde está vindo o dinheiro para manter o funcionamento, pagar fornecedores, funcionários e despesas fixas”, afirma.
Com base nesses indícios, o Fisco pode solicitar os extratos detalhados de entradas via PIX e cartões e, ao identificar divergências, cobra os impostos devidos sobre toda a receita não declarada. Além disso, exige a retificação das obrigações fiscais retroativamente, aplicando multas e juros sobre os valores sonegados — inclusive referentes a períodos de até um ano ou mais.
Outro ponto crítico é a perda do direito ao aproveitamento de créditos fiscais, algo que poderia reduzir a carga tributária legalmente. “Ao ser autuado, o empresário perde esse direito, e o imposto acaba custando muito mais caro”, alerta o contador.
A recomendação é clara: todas as vendas realizadas via PIX, cartão de crédito ou débito devem ter sua respectiva nota fiscal emitida, independentemente do valor. A negligência nesse ponto pode colocar o empresário em risco de cair na malha fina e enfrentar sérias penalidades.
“É essencial manter as obrigações fiscais em dia para evitar autuações, perdas financeiras e comprometimento da saúde da empresa. A prevenção é sempre o melhor caminho”, conclui André Vianini.