Déficit do governo federal sobe para R$ 14,49 bilhões em setembro e acende alerta fiscal
Crescimento das despesas, especialmente da Previdência, supera avanço da arrecadação e dificulta meta de déficit zero em 2025
Foto: Flickr/Lula Oficial
As contas do governo central — que reúnem Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social — registraram um déficit primário de R$ 14,49 bilhões em setembro de 2025. O resultado representa uma piora expressiva em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o rombo foi de R$ 5,1 bilhões, em valores nominais.
Mesmo com um superávit conjunto de R$ 6,4 bilhões entre Tesouro e Banco Central, o forte déficit da Previdência Social, de R$ 20,9 bilhões, empurrou o saldo total para o vermelho.
De acordo com o Relatório do Tesouro Nacional (RTN) divulgado nesta quinta-feira (30), o desempenho negativo reflete o avanço real de 5,7% nas despesas totais, que aumentaram R$ 10,2 bilhões em relação a setembro de 2024. Já as receitas cresceram apenas 0,6% em termos reais, o equivalente a R$ 1,1 bilhão.
No acumulado de 12 meses, o déficit primário do Governo Central alcança R$ 35,6 bilhões — o equivalente a 0,32% do Produto Interno Bruto (PIB) — e afasta o governo da meta de equilíbrio fiscal prometida para o fim de 2025.
A arrecadação apresentou desempenho misto no mês. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) caiu R$ 2,2 bilhões, enquanto o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) subiu R$ 2,3 bilhões. Já a arrecadação líquida do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) aumentou R$ 6,2 bilhões, e as demais receitas tiveram alta de R$ 1,2 bilhão.
Apesar da melhora em alguns tributos, o aumento das receitas não compensou a expansão dos gastos, especialmente com benefícios previdenciários e programas sociais. Entre janeiro e setembro, a receita total cresceu R$ 78,1 bilhões (alta de 3,8%), e a receita líquida, R$ 58,4 bilhões (3,5%), mas as despesas obrigatórias continuam avançando em ritmo mais acelerado, pressionadas por reajustes salariais, aumento da folha previdenciária e gastos com saúde e educação.
O resultado negativo surge em um momento delicado para o governo Lula, que tenta aprovar no Congresso medidas para elevar a arrecadação e conter despesas, a fim de cumprir a meta de déficit zero em 2025 — promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Com gastos crescendo acima da inflação e resistência política às medidas de ajuste, economistas e o próprio Banco Central já alertam para o risco fiscal e possíveis impactos sobre a confiança de investidores e o desempenho econômico do país.
Fonte: folhadoestado